- Área: 225 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Peter Bennetts
Descrição enviada pela equipe de projeto. S+P e seus filhos gêmeos de 8 anos de idade pediram um lugar "que reunisse a vizinhança, a arte e a natureza". Nós lhes desenhamos uma vila.
O quê?
A Residência Torre é a revitalização e ampliação de uma moradia em Alphington, Victoria, Austrália. Restauramos a casa original, onde temos dois dormitórios de crianças, um banheiro e espaços de estar. Um estúdio, dormitório, banheiro, cozinha e sala de jantar ocupam a parte nova da casa. Este projeto é o resultado de conversas intermináveis com um cliente confiante, entusiasmado, paciente e incentivador.
Quem?
A família possuía interesses no meio ambiente, recreação ao ar livre e artes. Nos conhecemos pela primeira vez para discutir o projeto poucos dias antes de uma eleição federal. Nossas discussões neste primeiro dia não foram sobre cozinhas e banheiros. Nossas conversas foram sobre a vida, arte, política, caridade, universo, etc. Soubemos que teríamos um grande cliente neste primeiro dia. As palavras de S + P foram consideradas cuidadosamente. Na sua residência, eles queriam que a história fosse sobre algo mais do que eles, queriam que a história do projeto nos incluísse também.
Contexto?
A residência está próxima à áreas verdes e ao rio Yarra, com vistas para as chaminés de Amcor. Ela está rodeada por dois caminhos, o primeiro é uma frondosa rua suburbana do pós-guerra e o segundo, que chega aos pátios, é um caminho rural. Com exceção de umas poucas casas novas, o contexto é simples, com casas humildes de tijolo. Uma grande arquitetura contemporânea seria uma imposição neste lugar.
Por que?
A residência é o resultado de um grande número de discussões simultâneas sobre questões muito mais amplas que a própria casa. Mesmo que o programa não fosse pequeno, nossa proposta era criar uma série de pequenas estruturas de uma escala e textura que não dominariam seu contexto. O projeto é sobre muitas coisas. Aqui estão os destaques:
Os desenhos dos gêmeos
Durante uma reunião de projeto entregamos papel e lápis às crianças e lhes pedimos que se divertissem em silêncio enquanto os adultos falavam de "coisas mais importantes". Depois de discutir a complexidade do desenho de uma casa e as diversas possibilidades, estávamos confusos e cansados. Quando nos aproximamos das crianças vimos que elas não estavam desenhando carros, soldados ou dragões, elas haviam desenhado sua casa. Com confiança modesta nos mostraram seus desenhos simples, cheios de anotações, dizendo em uníssono "aí está".
Casa como vila
O aumento de tamanho das casas faz com que se pareçam cada vez a monólitos hostis. Quando se amplia uma casa, frequentemente o monólito colide com o original. Este último parece um crescimento canceroso alienígena. A Residência Torre é um anti-monólito, é uma vila externamente e um lar internamente. A casa desafia a lógica, já que, o exterior parece uma série de estruturas pequenas, enquanto que no interior os espaços e funções são grandes e conectados.
Ausente No.5
O misterioso caso do N°5. Não existe n°5 nesta rua, o que é estranho porque o n°3 e o n°6 estão lado a lado e ninguém sabe porque se omitiu o n°5. A residência se encontra em um pequeno espaço entre 3 e 6 para construir uma nova estrutura. Não é o n°5, a nova torre preenche uma brecha numérica, mas o mistério permanece.
5ª fachada
No desenho da Ópera de Sidney, Utzon falou de uma quinta fachada, sabendo que a cobertura seria parte do edifício que domina a vista da ponte e do porto e os edifícios altos próximos. A fachada frontal já não é a face pública dos nossos edifícios. O Google Earth fez com que a cobertura fosse a face pública dos nossos edifícios, acessível a qualquer pessoa em qualquer momento. Agora podemos ver facilmente toda a bagunça que foi escondida no telhado. Com isto em mente, desenhamos a Casa Torre deliberadamente para que parecesse bonita desde o alto e do Google Earth.
É tudo sobre a comunidade.
Cada vez mais nossas casas se preocupam muito com a privacidade. As cercas são maiores e damos as costas para os nossos vizinhos. O que acontece, então, com o bairro e a comunidade? A Residência Torre pode ser ambos. O pátio frontal agora é uma horta comunitária que convida o vizinhos a se servirem e, se assim desejam, ajudar na jardinagem de vez em quando. O resto do jardim possui uma cerca alta ao redor, entretanto é possível ver através dela e, de maneira importante, as cercas podem ser deixadas abertas. Com ruas em ambos os lados da casa, os vizinhos podem utilizar o jardim como um atalho e colher quantas verduras quiserem no caminho. Com as cercas abertas de par em par a linha entre o público e privado é atenuada.
A rede
A Austrália é um país amplo e plano. Como resultado, nossas casas são largas e planas. Nosso projeto de casa explorou a ideia de criar um lar vertical, em contraste com a típica casa da Austrália. O espaço das crianças formaliza esta ideia. É um espaço totalmente vertical com uma estante que vai desde o solo até o teto. Suspensa dentro deste espaço alto, existe uma rede onde as crianças podem ler e contemplar as vistas da rua e o pátio posterior. O estúdio das crianças está desenhado para inspirá-los a medida que crescem e aprendem.
A biblioteca dela.
A biblioteca de S é um lugar de reflexão e contemplação. Ligeiramente submergida, a mesa está quase enterrada no jardim. A biblioteca possui uma idade e sabedoria contrastante com a contemplação lúdica do estúdio das crianças.
O lugar dele.
P possui um lugar dissimulado no espaço de cobertura acima da cozinha. Forrado de grama sintética com nada mais do que uma sala e um livro, o lugar de P é um esconderijo no centro da casa.
Mudanças.
A Residência Torre é uma casa de família a longo prazo. As crianças serão adultos e poderão ir embora. Porém, a casa pode se adaptar facilmente e tornar-se uma casa familiar compartilhada através de duas áreas com entradas distintas. Dentro da casa original ocultamos painéis deslizantes que permitem a separação de grandes cômodos em espaços menores. Uma variedade de diferentes atividades pode ter lugar, seja individual ou comum. É o melhor de ambos mundos.
Sustentável?
Como em todos os nossos edifícios, a sustentabilidade está no centro da Residência Torre. No lugar de simplesmente aumentar a estrutura existente, alinhamos a nova forma ao longo da fronteira sul de maneira que recebe muita luz natural. As aberturas foram desenhadas para otimizar o ganho de luz solar passivo, o que reduz drasticamente as demandas de calefação e resfriamento mecânico. Todas as aberturas são de vidro duplo. Coberturas brancas reduzem o calor urbano e a transferência de calor interna. A necessidade de ar condicionado é eliminada através da gestão ativa da sombra e o fluxo através da ventilação. Os tanques de água também têm seu lugar. Existe o isolamento de alto rendimento em todas as partes, inclusive nas paredes da casa original.
Originalmente publicado em Junho 12, 2015